Cultura e Tecnologia: estabelecendo uma rede
NEGRI F., Paulo. Curitiba : UFPR, 2008.
Eagleton (2005, p. 9) destaca que o conceito de cultura é tão complexo quanto a complexidade da própria palavra “cultura”, que só é menos polêmica que a palavra
“natureza”, por isso, faz-se necessário a busca de teorias de diversos autores para que seja possível a construção de um conceito de “cultura” que supra as necessidades teóricas deste estudo. Desta forma, justifica-se a escolha por abordar a temática cultural pelo olhar contemporâneo de Eagleton, já que o autor recorre aos estudos mais tradicionais, analisando-os e intercruzando-os, estudos de intelectuais como Reymond
Willians, Stuart Hall, T. S. Eliot, L. Althusser, F. Nietzsche, J. Frow, dentre outros.
Eagleton inicia sua teorização de cultura pela dualidade „natural‟ versus
„inatural‟ que o ser humano possui inerente a si.
Nós nos assemelhamos à natureza, visto que, como ela, temos de ser moldados à força, mas diferimos dela uma vez que podemos fazer isso a nós mesmos, introduzindo assim no mundo um grau de auto-reflexidade a que o resto da natureza não pode aspirar ...
Mas a própria necessidade de cultura sugere que há algo faltando na natureza
– que a nossa capacidade de ascender a alturas além daquelas de nossos pares na natureza, os outros animais, é necessária porque nossa condição natural é também bastante mais “inatural” do que a deles. Se existe uma história e uma política ocultas na palavra “cultura”, há também uma teologia. (EAGLETON,
2005, pp. 15-16)
Conforme Eagleton, somos seres que têm um caráter natural, ligado à natureza, mas ao mesmo tempo, impulsos “inaturais”, impulsos que nos levam a criar e produzir cultura. Essa cultura, que nos difere dos outros animais, está diretamente ligada à nossa capacidade, e mais, necessidade, tanto de manter quanto de contar a nossa própria história. Assim como o ser político que é o ser humano, defensor de seus ideais e crenças, um ser que