Cultura Organizacional

Cultura organizacional é muito mais do que distinguir valores e crenças no ambiente corporativo. É um dos caminhos para se obter melhores resultados na empresa

Para muita gente, cultura ainda é coisa de antropólogos, e daqueles que se aventuram por pontos remotos ¬ uma ilha na Polinésia, uma aldeia no coração da África ¬ para registrar como se estruturam sociedades bem diferentes da nossa, urbana e industrializada. Essa imagem continua valendo, mas restringe um campo de estudo que, na verdade, é muito mais abrangente, que inclui, por exemplo, as pessoas que trabalham à sua volta neste momento, se você estiver lendo a revista no ambiente de trabalho. Elas não são aborígines australianos, não têm rituais para pedir aos deuses que chova, mas também pertencem, no dia-a-dia, a uma cultura bem específica, ainda que suas características não saltem tanto aos olhos quanto a "dança da chuva". Para começar a identificá-las, basta prestar atenção aos valores e crenças que circulam pelos corredores e gabinetes de qualquer empresa, como se constituíssem uma tábua de mandamentos invisível estabelecendo a maneira "correta" de conduzir o negócio e de estabelecer as relações entre os funcionários, com os clientes e fornecedores e com a comunidade na qual a organização está inserida. São poucas, ainda, as empresas conscientes da importância que a cultura organizacional ¬ ou, de modo menos pomposo, "o jeito de fazer as coisas por aqui", como a definiu nos anos 50 o consultor Elliot Jacques, do Instituto Tavistock, da Inglaterra ¬ adquire hoje no mundo corporativo. Mas aumentam os indícios de que, longe de ser apenas outra onda de verão, começa a ocupar um espaço mais duradouro. "No Brasil, como em muitos outros lugares, o tema ganhou ares de moda gerencial, como a qualidade total, a reengenharia e, recentemente, os sistemas integrados", observa Thomaz Wood Jr., professor da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas, consultor de empresas e autor dos livros