enfermagem
A dor é um problema que assola a humanidade desde sempre. É considerada um fenómeno universal, na medida em que todos nós já a sentimos alguma vez na vida, excluindo um número ínfimo de pessoas portadoras de analgesia congénita1.
Entendida como um fenómeno global, a dor apresenta, todavia, um carácter de versatilidade na sua abordagem entre sociedades, inclusive entre indivíduos. Podemos afirmar, então que, apesar de ser um fenómeno universal é, paradoxalmente, singular, única e pessoal onde cada indivíduo lhe atribui uma intensidade e significado próprio
(Fleming, 2003).
Hoje em dia, a experiência dolorosa é considerada um fenómeno multidimensional onde factores fisiológicos, psicológicos, sociais e culturais interferem tanto na sua percepção, como na sua manifestação. Na realidade, a compreensão deste fenómeno não se inscreve apenas no conhecimento dos seus mecanismos fisiopatológicos pois, tal como refere Ormonde (2003), a experiência dolorosa ultrapassa uma problemática fisiopatológica, ela espelha também componentes sensoriais e cognitivas do indivíduo, nomeadamente, de ordem psicológica, social e cultural.
Não obstante o desenvolvimento científico nesta área, a verdade é que este flagelo continua presente no quotidiano do ser humano. Um estudo sobre a dor na população portuguesa, realizado em 2002, pelo Observatório Nacional da Saúde (ONSA) do
Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, mostrou que 73,7% dos indivíduos manifestaram ter tido, pelo menos, um episódio de dor nos últimos sete dias anteriores à entrevista (Rabiais, Nogueira e Falcão, 2003). Infelizmente, à semelhança do nosso país, este problema acontece à escala mundial, por exemplo, em Espanha a prevalência de dor é de 78,6% e na Suécia é de 55% (Idem).
No internamento hospitalar, a dor é o sintoma mais importante quer pela sua prevalência quer por ser o grande responsável causador de incapacidade e sofrimento e, consequentemente, limitação da qualidade de