Cuidado de Si
Cuidar de si significa, antes de tudo, não ser escravo dos outros e dos que nos governam, mas sim ser escravos de nós próprios, das nossas próprias paixões.
Quem cuida de modo adequado de si mesmo, encontra-se então em condições de relacionar-se, de conduzir-se adequadamente na relação com os demais.
Nas instituições de saúde vem-se demonstrando cada vez mais, que determinados modos de ser e de fazer as coisas, não apenas comprometem e prejudicam os profissionais, como, principalmente, comprometem o que se chama de cuidado aos clientes/pacientes/interagentes, a sua assistência à saúde. Como cuidar do outro, talvez, vivenciando um processo que tenha a morte como significado sem, anteriormente, ocupar-nos de nós, voltarmos para nós, para conhecer-nos e preparar-nos para o nosso próprio processo de morte? Como cuidar de pessoas com diagnósticos que possam ter o significado de morte, sem que nos perguntemos, antes, o que significam tais diagnósticos para nós; sem que, antes, nos preparemos para cuidar delas? Será possível dizer que somos cuidadores se nossa relação com o cliente se faz apenas com o seu corpo, um corpo que pode requerer uma aspiração, uma medicação, um banho, porém evitamos reconhecer nele uma pessoa que quer falar, ser ouvida e tocada como gente, como mais do que um corpo sadio ou doente?
Aquele que pretende cuidar dos outros e dirigi-los (e nós, profissionais de saúde, comumente estamos nessa situação), antes de tudo, necessita demonstrar que sabe dirigir a si próprio, que conhece os limites do seu fazer, que respeita o outro como um ser diferente de si. Acreditamos que, à medida que exigirmos, de nós mesmos, a liberdade de pensarmos como exercemos nosso fazer profissional, na tentativa de entender por que temos assumido um modo