Crítica filme janela da alma
Documentário: Janela da Alma (João Jardim e Walter Carvalho)
Imagens são pontos marcantes do documentário, sobretudo quando no início, mostra a pele não convencionada e idealizada, mas no seu âmago, em todos os detalhes. Contrastes de cores e sons dão a tônica deste belo filme. Ponto salutar e a primeira fala do grande mestre da Literatura Jose Saramago quando diz que “Se o Romeu tivesse os olhos de um falcão não se apaixonaria por Julieta”, ou, em outras palavras, aquilo que enxergamos somente é um recorte relacionado à nossa experiência visual e vivência social/emocional.
Ponto também relacionado por um sociólogo após a fala de Saramago. Diz com bastante sensatez que a realidade real não existe, é sempre condicionada por um olhar, ou seja, quem enxerga o objeto são as nossas experiências. E como diz um Neurologista entrevistado, Wim Wenders, os olhos nos dão apenas parte da visão. “Vemos com os ouvidos, com o cérebro, estomago e alma”
De profunda reflexão quando um Filósofo francês cego diz que vivemos sem enxergar. Enxergamos, porém sem enxergar. Notável a parte que relata ter uma pequena televisão e diz assisti-la mesmo sem a visão dos olhos. Afirma que hoje vivemos num mundo de cegueira generalizada, com imagens prontas. O foco, quer mostrar o documentário, é algo pensado em nosso interior. Aquilo que parece ser direito e correto pelo nosso foco pode ter outra nuance de acordo com foco de cada um.
A imaginação e mais um ponto estabelecido pelo documentário. O Inglês Oliver afirma em sua linha de estudo que o limite do olhar não é a janela da rua, ou seja, a visão de fora. Não se limita a olhar o visível, mas também o invisível, algo imaginado pela mente. Acrescentar visões de mundo, de nosso mundo, ao ser exterior não tem limites. A imaginação relatada pelo filme aumenta a visão do mundo que nos cerca. Atualmente as imagens, principalmente aquelas vindas da sétima arte, já estão prontas sem maiores margens para a imaginação.