Crises econômicas: relação entre 1929 e 2008
A profundidade da crise que arrasa grande parte do sistema financeiro mundial ocasionou e ainda ocasionará, seguramente, impactos sobre o progresso dos aglomerados econômicos reais (produção, investimento, emprego etc.). Torna-se claro que a economia mundial entrou em uma fase de desaceleração ou recessão, cuja conclusão ainda é incógnito. Segundo as projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) em 2008, a economia mundial iria desacelerar de 5% ao ano, entre 2006 e 2007, para 2,2% em 2009. No mesmo período, as economias desenvolvidas apresentaram queda no Produto Interno Bruto (PIB) de 0,3%. A porcentagem de crescimento dos países em desenvolvimento caiu de 8%, em 2007, para 5,1%. A dinâmica do comércio internacional também sinaliza para um acentuado arrefecimento, caindo de 7,2%, em 2007, para 2,1%, em 2009. É fatal, nesta conjuntura de alta improbabilidade, que apareçam comparações entre a crise de 2008 e a experiência dramática da Grande Depressão, que assolou o mundo, principalmente entre 1929 e 1933.
Certamente, a importância da riqueza financeira em comparação ao produto, à sofisticação das operações financeiras e a interligação entre as várias partes dos mercados em escala global são atualmente maiores do que no final da década de 1920. A extensão recentemente obtida pela riqueza financeira (US$ 229,7 trilhões em dezembro de 2007, mais de quatro vezes superior ao PIB mundial) e a escala real ou concepcional das perdas acontecidas indicam que estamos perante um processo extraordinário de desvalorização de ativos, muitas vezes superior ao que ocorreu há mais de oitenta anos. Segundo a Federação Mundial das Bolsas de Valores, a desvalorização da riqueza acionária global contabilizou US$ 29,5 trilhões entre outubro de 2007 e outubro de 2008. De acordo com o Banco da Inglaterra, os bancos ingleses armazenaram perdas com mercado na ordem de £ 10 bilhões ao mês, durante o período de maio e outubro de