crise etica
Embora tendamos a crer que essa "crise" - ou pelo menos sua forma mais aguda - é uma marca de nosso tempo, um passeio pela literatura e pela filosofia antigas nos sugere que a preocupação para com a formação ética dos jovens remonta pelo menos ao início da tradição do pensamento ocidental. Ela está presente em poemas épicos de Homero e de Hesíodo, em tragédias e comédias de Sófocles ou de Aristófanes e, sobretudo, é objeto constante de reflexão e debate em obras da filosofia clássica. Nos diálogos platônicos nos deparamos com a pergunta recorrente e radical de Sócrates: A virtude - a excelência ética; o caráter digno de louvor - pode ser ensinada ?
Esse aparente ceticismo - que não pergunta como ensinar, mas se é possível ensinar algo como uma conduta ou o discernimento ético - soa pelo menos paradoxal. Ora, por ocasião do julgamento que o levará à morte, Sócrates afirma, em sua defesa, que nunca fez outra coisa senão andar por aí persuadindo velhos e moços a cuidar menos do corpo e das riquezas do que da alma e da virtude. Como se pode, então, duvidar da importância de um mestre na formação ética, se toda sua vida - e mesmo sua morte - teve como princípio levar seus companheiros ao exame