Guerrilha comunista
A primeira guerrilha pós-comunista
A rebelião armada indígena iniciada no estado de Chiapas, no México, em 1° de janeiro de 1994, vem criando sérios problemas para a política neoliberal implantada no México a partir do governo Salinas. Entretanto não se trata de um movimento de guerrilhas de orientação marxista, como se poderia supor diante de tantos movimentos guerrilheiros que eclodiram nos últimos anos em diversos países latino-americanos, inclusive, no Brasil na década de 70, no Araguaia.
Na verdade, trata-se de um novo modelo revolucionário desenvolvido a partir do pensamento indígena ancestral oriundo de formas próprias de organização política que poderíamos chamar de "comunismo primitivo".
O levante contou com o apoio das diversas comunidades tzotzil, tzeltal, tojolabal, zoque e chole que participaram ativamente da construção do EZLN, assim como da formação do Comitê Clandestino Revolucionário Indígena (CCRI), a instância superior de todo o processo de organização zapatista. Por isso o EZLN, enquanto exército regular, não dispõe de autonomia decisória, já que todas as decisões militares importantes dependem do CCRI, que por sua vez consulta a comunidade toda vez em que se faz necessário tomar decisões importantes. E tais decisões são exaustivamente discutidas até que se chegue a um consenso, ou a unanimidade, ou não se decidir nada, enfim a democracia absoluta. Por isso proclama-se em todo o México o lema zapatista: "mandar obedecendo".Trata-se de levar um adversário, por muito mais forte que seja, a admitir condições freqüentemente muito duras, não engajando contra ele senão por meios extremamente limitados. É então que entra em jogo, em toda a sua plenitude, a fórmula das variáveis complementares que já encontramos: a inferioridade das forças militares deve ser compensada por uma superioridade crescente das forças morais, à medida que a ação se prolonga. Assim, a operação desenvolve-se simultaneamente em dois planos, o plano material, das