Crise da Representação Política
A representação política é um fenômeno complexo cujo núcleo consiste num processo de escolha dos governantes e de controle sobre sua ação através de eleições competitivas. É um conceito multidimensional que abarca o fenômeno da seleção de lideranças, de delegação de soberania popular, de legitimação, de controle político, de participação indireta e determinação de questionamento político. Duverger (l987) aponta que o sistema de representação é uma conseqüência lógica dos princípios de liberdade e igualdade, em que se sustenta a ideologia liberal. Se esse pressuposto é verdadeiro, é compreensível que o marco político da representação seja democracia, na qual a representação constitui sua essência.
Uma curiosa mistura de sucesso e fracasso. É razoavelmente bem-sucedida no nível da legitimação da autoridade governamental, mas ao preço de um baixo nível de participação do cidadão e de um baixo nível de efetiva fiscalização do processo de tomada de decisão governamental. Seu relativo sucesso se deve, em parte, ao fato de que pedem pouco do eleitor comum, mínimo esforço e mínimo conhecimento, ao mesmo tempo em que põe nas mãos do eleitorado um poder de veto muito real e valioso. As instituições democráticas ocidentais não podem ser derrubadas ou contestadas de frente. A experiência do século XX leva os eleitores democráticos a temer qualquer partido ou grupo que defenda algum outro sistema que não a democracia baseada em partidos. Por enquanto, apesar das deficiências, os partidos parecem ainda fundamentais e a democracia representativa neles baseada pode apenas ser suplementada e não suplantada.
2. A CRISE DA REPRESENTAÇÃO POLÍTICA
O problema da crise da representação política no Brasil se insere no interior de um quadro mais amplo e que reflete, de forma quase planetarizada, os mesmos problemas da diminuição da participação eleitoral, declínio da relação de identificação entre representantes e representados e o aumento das taxas de