JEisenberg Emergencia
7242 palavras
29 páginas
Mudança Conceitual, Transformação Social, e a FilosofiaPolítica da Modernidade*
José Eisenberg (UFMG)
* Trabalho apresentado no XXII Encontro Anual da ANPOCS em
Caxambu, 27 a 31 de Outubro de 1998.
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“A fé na cultura moderna era triste: era saber que amanhã ia ser em todo o essencial igual a hoje, que o progresso consistia só em avançar com todos os sempres sobre um caminho idêntico ao que já estava sob nossos pés. Um caminho assim é a bem dizer uma prisão que, elástica, se alarga sem nos libertar.”
(J. Ortega y Gasset, A Rebelião das
Massas)
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1) Linguagem, Mudança Conceitual e Transformação Social
O objetivo deste trabalho é fazer uma análise sintética da filosofia política da modernidade para mostrar como a transformação social é um processo histórico propulsionado não somente
por
subjetividades
(sejam
elas
coletivas
ou
individuais), mas também por conceitos que periodicamente renovam as
formas
de
justificação
e
legitimação
das
instituições políticas. Mostrarei que, se vivemos uma crise da modernidade,
esta
crise
é
fundamentalmente
uma
crise
lingüística, isto é, uma crise originária no esgotamento das linguagens da
filosofia
política
moderna.
Presos
a
dicotomias conceituais tais como Público e Privado, Estado e
Sociedade Civil, e Estado e Mercado, tornamo-nos incapazes de gerar discursos inovadores que produzam novas maneiras de instaurar, legitimar e justificar as instituições políticas.
Nas últimas três décadas, uma nova metodologia para o estudo da história da filosofia política desenvolveu-se ao redor da
expressão
Inaugurada
por
"as
Quentin
linguagens
da
Skinner
J.G.A.
e
teoria
política.”
Pocock,
esta
metodologia se tornou um modo difundido de analisar tratados de teoria política no contexto histórico no qual eles foram escritos, e em relação às práticas retóricas das quais eles emergem.1 Os tratados, significados argumentam dos
argumentos
Skinner
e
apresentados
Pocock,
não
nestes
podem
ser