Resenha cr tica A Vida Social das Coisas
A condição de mercadoria é uma fase na biografia cultural das coisas e não um estado permanente, o que perturba a clássica dicotomia entre pessoas e objetos.
Senso Comum
Na visão dos economistas e do senso comum, uma mercadoria seria um item com valor tanto de uso quanto de troca. Já do ponto de vista cultural, mercadorias não são apenas produzidas materialmente como coisas, mas também culturalmente sinalizadas como um determinado tipo de coisas. De acordo com o contexto e as significações culturais de uma coisa, ela pode ser identificada como mercadoria, tratada como mercadoria em uma situação e não em outra ou, ainda, ser, ao mesmo tempo, mercadoria e alguma outra coisa para pessoas diferentes. Por exemplo, um móvel que foi da bisavó de uma mulher e que, para ela, possui valor sentimental. O marido, por outro lado, acha que deveriam vender o móvel, já que não caberia no novo apartamento e, por ser antigo, teria um bom preço. Para o marido, o móvel é uma mercadoria, com um valor de troca interessante.
De Pessoas e Coisas
A divisão entre pessoas de um lado e mercadorias de outro é recente. Durante muitos séculos, em diferentes sociedades, pessoas eram consideradas como propriedades, podendo ser trocadas e vendidas. Era o caso dos escravos.
No momento em que a pessoa era tirada de um contexto cultural original, sua identidade é arrancada e ela é vendida como uma mercadoria, ou seja, possui valor de troca e utilidade.
Contudo, no momento em que é comprada, é inserida em um novo contexto social, sendo re-humanizada dentro desse novo contexto. Ele passa a desempenhar papeis e possuir status, nem sempre baixos. Tal processo afasta o escravo da simples classificação de mercadoria intercambiável, aproximando-o do status de um indivíduo singular, que ocupa um nicho social e pessoal particular. Apesar disso, o escravo continua sendo uma mercadoria em potencial, ou seja, ainda tem um