Cosmovisão, epistemologia e educação
COSMOVISÃO
Os homens de nosso século são seres arrebentados, dilacerados, que em seu medo de ver sua unidade de significação se estabelecer numa história da qual eles não são mais os únicos senhores, preferem negar que existe uma unidade de sentido.
Pierre Trotignon
1.0. CONCEITUAÇÂO
É comum em todo ser humamo o desejo de conhecer a realidade, entendendo-se por esta tudo o que existe, desde o universo, os seres, as coisas, até os fenômenos naturais e sociais. Nossa existência se caracteriza por uma busca permanente de significado para a vida e os acontecimentos.
Essa vertiginosa aventura à procura de conhecimento é tipicamente humana. Só o homem se define como animal racional, isto é, como ser capaz de formular conceitos abstratos para aquilo que ouve, sente e observa. Disto resulta uma concepção de realidade, ou melhor, uma cosmovisão, integradora de todos os fenômenos que fornece ao homem um sentido de harmonia ao universo. O homem de hoje, como o de outrora, necessita sentir-se seguro diante da vastidão cósmica. E essa segurança advém do sentimento de posse da realidade, já que sabe explicá-la por meio de palavras. Sem uma cosmovisão, a vida perde o seu sentido. Martin Heidegger (1988) certa vez afirmou que a
2 ausência de ordem e, portanto, de cosmos era o que havia de mais intolerável.
Isto significa que a condição humana se define essencialmente por uma busca contínua de ordenação das coisas, uma busca de significado para si mesma e para o mundo. A compreensão da realidade situa o ser no mundo, torna-o senhor de si e de tudo que o rodeia, liberta-o da angústia do desconhecido e do inominado. Com efeito, o modo como o ser humano apreende a realidade, a partir do espaço-tempo em que se insere, é o que denominamos cosmovisão. Vale ressaltar, porém, que essa forma de ver o mundo não é uma criação isolada de um indivíduo, mas a soma dos múltiplos aspectos de uma cultura produzidos pela consciência coletiva num