Corpo, saúde e doença na antropologia
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1.1 Introdução
o conhecimento sobre as questões referentes a saúde e doença, em nossa sociedade, tem sido tradicionalmente relegado ao domínio das Ciências Biológicas (biologia, patologia, medicina, etc). Essas ciências são pautadas pelo princípio da universalidade e buscam, assim, identificar e explicar os elementos comuns aos organismos individuais e às diversas sociedades. Entretanto, quando o que queremos destacar é a diversidade, essas ciências não conseguem explicar inúmeros fatores colocados pelas concepções de saúde, doença, normalidade e anormalidade, nas quais se destacam a diversidade e a diferença. É inegável o fato de que o corpo humano possui' uma anatomia e uma fisiologia universais, mas, por outro lado, a maneira como as diferentes sociedades concebem o corpo, os cuidados que dispensam a ele, os limites que estabelecem entre o interno e o externo, entre o nonnal e o anormal, bem como as maneiras e as regras que cada sociedade estabelece para a utilização do corpo são extremamente variadas. É buscando compreender essa diversidade que as Ciências Sociais, em especial, a Antropologia, tomam como objeto de estudo o corpo, a saúde e a doença. A perspectiva antropológica não nega o caráter universal de certos fenômenos biológicos, mas procura entender o significado específico que esses fenômenos assumem numa dada sociedade, visto que os registros de normalidade e anormalidade são, antes de tudo, determinados a partir de valores. A busca desse relativismo e da singularidade dos grupos sociais tem por pressuposto que o real só pode ser apreendido a partir da ordem simbólica, ou seja. é o simbólico que, através dos sistemas de classificação e de sentido, define o real. A realidade é entendida, assim, como uma construção social na qual o fato concreto - a doença, por exemplo - só existe a partir da ordem simbólica, isto é, só existe se naquela sociedade ela for passível de ser pensada como tal,