Antropologia da Saude
Traçando identidade e explorando fronteiras
Paulo César Alves E
Miriam Cristina Rabelo
O STATUS ATUAL DAS
CIÊNCIAS SOCIAIS EM SAÚDE
NO BRASIL: TENDÊNCIAS
O explosivo interesse dos cientistas sociais pelas questões relativas à saúde é um fato digno de observação. Trata-se de um fenômeno que não pode ser simplesmente considerado como efeito de uma moda intelectual. A análise globalizante da literatura específica sobre as ciências sociais em saúde é sempre importante e, ao longo do tempo, tem sido conduzida por diversos teóricos da área (ver, por exemplo, Apple, 1960; Fabrega, 1971; Colson and Selby, 1974; Foster and Anderson, 1978; Landy, 1983; Nunes, 1985; Marsella, 1989). Contudo, devido a imensa proliferação de trabalhos nessa área, torna-se cada vez mais inviável qualquer revisão bibliográfica que pretenda ser exaustiva. Estamos atualmente bastante longe do tempo em que Strauss (1956) conseguiu identificar apenas 144 cientistas sociais nos Estados Unidos que trabalhavam nesse campo. Milhares de profissionais, espalhados nas diversas instituições acadêmicas e ser- viços públicos, escrevem livros e publicam artigos em revistas especializadas que direta ou indiretamente são relevantes para as ciências sociais em saúde. A produção brasileira sobre as questões sociais da saúde revela de forma bastante profusa essa heterogeneidade, tanto ao nível do pesquisador quanto ao objeto de estudo. Trata-se, antes de mais nada, de uma literatura que tem crescido significativamente (Teixeira, 1985; Queiroz e Canesqui, 1986; Nunes, 1992; Canesqui, 1995). Esse fato torna-se ainda mais saliente quando se observa que essa produção é recente, iniciada de forma sistemática nos anos 70. É claro que antes desse período tivemos alguns trabalhos relacionados com a problemática sociocultural da saúde. Contudo, somente nos fins da década de 60 e princípios de 70 é que passamos a ter