Contra a Cultura do Silêncio
A partir de sua experiência na África, Paulo Freire estabeleceu a importância das relações entre linguagem e política no processo de descolonização do terceiro mundo.
Em sua viagem a África, Paulo Freire descreve como se sentiu em casa ao pisar em solo africano, isso pela afinidade entre aquele lugar e o Brasil.
Conta que estabeleceu uma sintonia profunda com aquele povo, não só no aspecto afetivo, mas também no político.
Freire junto com a equipe do Instituto de Ação Cultural (Idac) participou significamente do processo de descolonização da África, onde enfrentou barreiras às quais eram ligadas ao colonialismo.
Mas o que foi o colonialismo?
Foi um processo de ocupação territorial, exploração econômica e domínio politico do continente africano por potências europeias. Teve início no sec. XV e estendeu-se até a metade do sec. XX. Essa política exercia controle, autoridade e representava a ocidentalização do mundo africano, suprimindo as estruturas tradicionais locais e deixando um vazio cultural de difícil reversão.
Vários países da África vinham de guerras cruéis de independência e buscavam reconstruir-se como nações e sacudir marcas deixadas pelo colonialismo.
Freire adotou desde cedo, em seus livros a locução “Cultura do Silencio” para caracterizar as condições pedagógicas, políticas ou socioculturais onde pessoas, grupos ou países não tinham direito á palavra.
Durante a reforma agraria no Chile, ao explicar porque não havia aprendido antes a ler e escrever um camponês declara:
_ “Antes da reforma, (...) eu nem sequer pensava. Nem eu nem meus companheiros.
Ao lhe perguntarem por que, respondeu:
_ Porque não era possível. Vivíamos sob ordens, tínhamos apenas que responder a elas. “Não tínhamos o que dizer”.
Comentando as palavras do camponês, Freire concluiu:
“A resposta simples do camponês nos introduz claramente á compreensão do que é a ‘Cultura do Silencio’. Na cultura do silencio, existir é apenas viver. O corpo