conto narrativo
Leitura e Produção de Textos III
Maicon Douglas
Conto
Pequena Lilith
Prezado mortal... Eles nunca me pegaram e nem irão. Nunca me viram, porque eu sou invisível assim como o éter que cerca a terra. Não sou um humano, mas sim um espírito - O pior demônio de todo o inferno. Venho a terra em busca de promessas não cumpridas, acordos desfeitos e pactos não concluídos. Não tenho o poder de conceder nenhum bem para os humanos, mas sim o de tirar-lhes o que mais amam, desejam ou a própria vida. Ainda depois de tantos anos e tantos trabalhos concluídos não me sinto mais como um monstro.
Jamais me esquecerei de Anne. Quando a vi meus olhos não acreditaram que ela estaria na lista das cobranças de acordos. Observei cada um de seus passos por três dias e duas noites, quando percebi a existência de algo inexplicável em sua essência. Anne era mãe de uma menina de aproximadamente dez anos, onze meses e vinte e oito dias, casada com um homem robusto, musculoso e grisalho, eles tinham um cachorro de raça Akita Inu. Mas calculando a idade de sua filha e o prazo limitado pelos acordos, foi notável que quando sua filha completasse onze anos era o dia exato que eu devia cobrar a dívida de Anne. Sua filha havia sofrido um acidente no dia em que completara seu primeiro ano de vida, o que lhe custou à vida. Desesperada com a situação Anne sem pensar duas vezes selou um contrato que traria sua pequena filha a vida novamente em troca de qualquer coisa, a ser cobrada em dez anos a partir da data. O que Anne jamais imaginava é que este dia realmente chegaria.
Durante os três últimos dias o clima ficava cada vez mais pesado e Anne cada vez mais preocupada com o que estava por vir. Pude observar que ela não desgrudava da filha de modo algum, e sempre inventava uma desculpa para não dormir com seu marido e sim com a pequena Lilith. Quando meu relógio badalou meia noite do terceiro dia de observação era hora de agir, mas eu ainda não sabia