Análise do foco narrativo dos contos “Venha ver o pôr do sol” e “A queda da casa de Usher” – teorias de Lukácks e Friedman

Análise do foco narrativo dos contos “Venha ver o pôr do sol” e “A queda da casa de Usher” – teorias de Lukácks e Friedman.

No conto “Venha ver o pôr do sol” de Lygia Fagundes Telles, há o narrador em terceira pessoa que descreve as personagens:
“Ela subiu sem pressa a tortuosa ladeira. [...] Ele a esperava encostado a uma árvore. Esguio e magro, metido num largo blusão azul-marinho, cabelos crescidos e desalinhados, tinham um jeito jovial de estudante. [...]”.
E também forma uma cena, a partir dos diálogos e ações entre elas:
“[...] Brandamente ele a tomou pela cintura.
― Conheço bem tudo isso, minha gente está enterrada aí. Vamos entrar um instante e te mostrarei o pôr do sol mais lindo do mundo.
Perplexa, ela encarou-o um instante. E vergou a cabeça para trás numa risada.
― Ver o pôr do sol! ... Ah, meu Deus... Fabuloso, fabuloso! ... Me implora um último encontro, me atormenta dias seguidos, me faz vir de longe para esta buraqueira, só mais uma vez, só mais uma! E para quê? Para ver o pôr do sol num cemitério...
Ele riu também, afetando encabulamento como um menino pilhado em falta. [...]”.
De acordo com Friedman, podemos caracterizar esse narrador em terceira pessoa, como o narrador onisciente neutro, pois não expõe ao leitor os pensamentos das personagens e não faz comentários durante os acontecimentos da história. Ele narra deixando para nós leitores um ar de suspense e mistério.
Já no conto “A queda da casa de Usher” de Edgar Allan Poe, podemos perceber claramente que o narrador está em primeira pessoa:
“Durante todo um dia pesado, escuro e mudo de outono, em que nuvens baixas amontoavam-se opressivamente no céu, eu percorri a cavalo um trecho de campo singularmente triste, e finalmente me encontrei, quando as sombras da noite se avizinhavam, à vista da melancólica Casa de Usher. [...]”.
De acordo com as categorias de Friedman, há dois tipos de narrador em primeira pessoa: o narrador-testemunha e o narrador-protagonista. O primeiro faz