Consumo X Consumismo
“Tentamos achar nas coisas, que por isso nos são preciosas, o reflexo que nossa Alma projetou sobre elas.” Marcel Proust Consumimos! Desde a aurora de nossa existência, rotineira e ininterruptamente, da hora em acordamos ao momento em que vamos dormir, antes mesmo do nascimento e até após a morte, consumimos.
Mas, uma coisa é o consumo de bens necessários e até indispensáveis à vida e ao bem estar (morar, comer, beber, dormir, saúde, estudos, lazeres... prazeres!); Outra é o consumismo.
Desenfreado, o consumismo excede a necessidade, culminando na profusão de mercadorias, na ostentação do luxo e num portentoso descarte de lixo.
Analisar o fenômeno do consumismo é fundamental para que possamos compreender um aspecto funesto e nevrálgico da sociedade em que vivemos.
Da obra do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, “Vida Para Consumo – A transformação das pessoas em mercadoria” trazemos uma breve reflexão sobre o Capítulo intitulado “Consumo versus Consumismo”.
Segundo o autor, o fenômeno do consumo “tem raízes tão antigas quanto os seres vivos (...) é parte permanente e integral de todas as formas de vida (...)”.
Mas, enquanto o consumo constitui uma característica e ocupação de todos os seres humanos enquanto indivíduos, o consumismo, alerta o estudioso, é um atributo da sociedade.
Não precisamos de uma lupa superpoderosa para observar que, nos últimos séculos, galopando cada vez mais em mega escala, rumamos a um consumismo vertiginosamente apoteótico: de uma natural necessidade de segurança, conforto e, até sobrevivência mesmo, o que justifica o consumo, ao abismo propulsionado do vício do consumismo.
Governado por nossas ‘vontades’, o consumismo se tornou o propósito de nossa existência quando nossa capacidade de ‘querer’, ‘desejar’, ‘ansiar por’, passou a sustentar a economia (oikós = casa + nomós = norma) mediando o convívio humano.
Bauman afirma que o ‘consumismo’ é um tipo de arranjo