Consumo x Consumismo
Bauman inicia o texto definindo consumo como uma atividade banal, diária e rotineira, em geral feita sem planejamento. É um fenômeno que tem raízes muito antigas e não sofre alterações. Em seguida, nos introduz a ideia da Revolução Consumista, que teria se dado no momento em que o consumo torna-se central para a vida da maioria das pessoas (Campbel), ou mesmo o propósito de sua existência. É quando a nossa capacidade de querer, de desejar – e repetir essas emoções – passa a sustentar a economia.
O autor usa a teoria dos “tipos ideias”, de Max Weber, como ferramenta para a análise que está sendo feita. Reforça que eles são abstrações que tentam apreender a singularidade, elaborando categorias. Não são fenômenos reais, mas modelos de entendimento da realidade.
O consumismo é um arranjo social resultante da reciclagem de vontades e desejos rotineiros, tornando-se a principal força propulsora e operativa da sociedade. Essa força coordena a integração e a estratificação sociais e é papel importante nos processos de autoidentificação individual e de grupo. Esta reciclagem de vontades atuará, também, nas escolhas e na execução de projetos de vida individuais.
O consumo é uma ocupação e uma característica dos seres humanos como indivíduos, de maneira singular, portanto. O consumismo, contudo, é um atributo da sociedade, adquirido a partir da alienação dessa capacidade individual de querer e desejar. Tal capacidade é reciclada numa força externa, que é o que colocará a “sociedade de consumidores” em movimento e a manterá em curso como uma forma específica de convivência humana (quase uma moral?). Além disso, este atributo da sociedade estabelece parâmetros para decisões individuais de vida, manipulando escolhas e condutas.
SOCIEDADE DE PRODUTORES – A ERA SÓLIDO-MODERNA: A apropriação e a posse de bens que garantissem conforto e respeito foram as principais motivações da