Conservadorismo e serviço social
A herança conservadora do serviço social: atualização e busca de ruptura
Como profissão inscrita na divisão do trabalho, o Serviço Social surge como parte de um movimento social mais amplo, de bases confessionais, articulado à necessidade de formação doutrinária e social do laicato, para uma presença mais ativa da Igreja Católica no mundo temporal, nos inícios da década de 30. Na tentativa de recuperar áreas de influência e privilégios perdidos, em face da crescente secularização da sociedade e das tensões pressentes na relação Igreja e Estado, a Igreja procura superar a postura contemplativa. Contrapõe-se aos princípios do liberalismo e ao comunismo, que aparecem como um perigo ameaçador à sua posição na sociedade.
A Igreja luta, ainda, pela legitimação jurídica de suas áreas de influência dentro do aparato do Estado. A partir das grandes mobilizações da classe operária nas duas primeiras décadas do século, o debate sobre a “questão social” atravessa toda a sociedade e obriga o Estado, as frações dominantes e a Igreja a se posicionarem diante dela. A Igreja a encara segundo os preceitos estabelecidos nas encíclicas papais, especialmente a Rerum Novarum e Quadragésimo Anno, fonte inspiradora das posições e programas assumidos diante dos “problemas sociais”. Para a Igreja “questão social”, antes de ser econômico-política, é uma questão moral e religiosa.
A intervenção do Estado na “questão social” é legítima, já que este deve provir ao bem comum. Mas o Estado não pode negar a independência da sociedade civil. Existem os grupos sociais ”naturais”, organismos autônomos que limitam a ação dominadora do Estado. A Igreja deve compartilhar como este a atuação diante da “questão social” através dos grupos sociais básicos, especialmente a família.
Incorporando esses princípios, o Serviço Social surge da iniciativa de grupos e frações de classes dominantes que se expressam através da Igreja.
A profissão não se caracteriza apenas como