Consciência Histórica
Nas palavras de Raymond Aron: "A consciência do passado é constitutiva da existência histórica. O homem tem realmente um passado a que ele tem consciência, pois só esta consciência introduz a possibilidade do diálogo e da escolha. Caso contrário, os indivíduos e as sociedades trariam consigo um passado que eles ignoram, que eles se submetem passivamente... Então eles não teriam consciência do que eles são e do que foram, eles não compreenderiam a dimensão da própria história1 ".
Para Agnes Heller, a consciência histórica se dá em diferentes estágios. Num primeiro estágio, aquele onde a humanidade transcende o mundo, os instintos são naturalmente substituídos por normas e estas são relativizadas com a de outros grupos. Esse é o momento em que se forma uma primeira consciência histórica. Num segundo momento, têm-se a percepção de que a humanidade não evolui (necessariamente) para o progresso, o que dá forma a um novo estágio desta consciência. Por fim, a consciência de que a racionalidade e a ciência não conseguem dar conta da evolução humana, e de que o futuro é missão de cada um e de todos, acaba por culminar na atual configuração da consciência histórica2 .
Diferentemente de Heller, Hans-Georg Gadamer acredita que somente nossa visão atual sobre a história pode ser tomada como consciência histórica, não existindo, portanto, estágios anteriores ou mesmo outras consciências. A consciência histórica, para Gadamer, pode ser definida como o "privilégio do homem moderno ter plena consciência da historicidade de todo o presente e da relatividade de toda opinião3 ".
Marc Ferro chama atenção para a possibilidade de