Conj Habitacional
Localização: São Paulo
Área: 32.000 m²
A espera foi longa. As famílias que estão prestes a se mudar para este novo conjunto habitacional em Heliópolis - região que abriga a maior favela de São Paulo - aguardaram mais de 15 anos por este momento.
Removidas de diferentes favelas, foram a princípio encaminhadas para um alojamento provisório situado exatamente no mesmo terreno onde agora ingressam como proprietárias. Ali ficaram até 2008, quando foi levantado o canteiro de obras do qual brotariam estas novas lâminas, no contexto do Programa de Reurbanização de Favelas de Heliópolis. As famílias tiveram, então, que mudar de endereço novamente, dessa vez contando com o auxílio aluguel dado pela prefeitura.
Agora, em vias de receber as chaves, os futuros moradores têm bons motivos para comemorar. Não apenas vão aceder, finalmente, ao sonho da casa própria, como o farão em um edifício cuidadosamente planejado, com apartamentos bem ventilados e iluminados, organizados ao redor de um generoso pátio de uso comum.
É fato que o perfil das obras de habitação de interesse social em São Paulo vem mudando nos últimos anos, e para melhor. Experiências como o Residencial Corruíras (AU 236) e o Jardim Edite (AU 231) mostram que é possível fazer habitação popular de qualidade, com projetos de arquitetura elaborados especificamente para as condições físicas e sociais do lugar, superando a velha lógica de repetição de tipologias pré-determinadas que dominavam as políticas habitacionais na cidade em um passado não tão distante.
A obra em Heliópolis é motivo de orgulho entre os arquitetos do Biselli Katchborian. "Mais que um projeto, isso é uma tese", afirma Mario Biselli. "Sempre achei muito estranho esse negócio de recuo", conta. Para o arquiteto, as grandes cidades do mundo são aquelas que têm seus quarteirões densamente edificados no perímetro, deixando livres os miolos de quadra: para exemplificar, cita a Barcelona de Ildefons Cerdà e as cidades italianas.
Convencidos