Concepções de Estado em Marx, Engels, Lenin e Gramsci
Hector Ferreira Gonçalves Scuratto Abdal2
1. Introdução
O objetivo deste artigo é apresentar um breve panorama acerca das concepções de Estado presentes em alguns autores da tradição marxista. Estaremos tratando, mais especificamente, do Estado em Marx, Engels e Lenin. Posteriormente, gostaríamos de apontar no que diferem entre si a concepção “marxista-leninista” e a concepção desenvolvida por Antonio Gramsci. Para tanto, faremos referência à obra de Martin Carnoy, “Estado e teoria política”.
A interpretação de que partem os autores marxistas são as desenvolvidas inicialmente por Marx e Engels e a contribuição decisiva de Lenin, tendo o impacto da Revolução Russa influído decisivamente na adoção de um determinado ponto de vista codificado sob o manto do marxismo-leninismo, cuja grande maioria dos Partidos Comunistas espalhados pelo mundo foram guardiões (situação que só viria abrandar nos estertores da guerra fria e do estalinismo).
Partiremos para a análise dos fundamentos que dão solidez à concepção de Estado desenvolvida pelos autores marxistas contemporâneos. A tarefa exige a compreensão de que há uma vasta gama de interpretações que campeiam o debate, sendo que a elucidação desses fundamentos analíticos cumpre um importante papel na compreensão das convergências e divergências entre as diferentes concepções desenvolvidas.
1. Estado em Marx
Inicialmente, Marx interpretou o Estado influenciado pela leitura hegeliana. É o que o leva a considerar um “Estado comunitário”, representante de interesses comuns. As condições da Alemanha em 1840 apresentavam uma disposição estatal que não era controlada pela ainda emergente burguesia, mas por uma burocracia ligada aos interesses da monarquia absolutista. Posteriormente, tomando contato com a configuração da sociedade de classe inglesa e francesa, adota os fundamentos de uma concepção materialista. Carnoy explica que
[...] sob a influência de Engels e das