Notas sobre a teoria marxista da organização política: breve reflexão sobre as velhas e novas formas organizativas
Ana Elisa Cruz Corrêa O tema da organização política é caro tanto para os teóricos marxistas quanto para militantes de diversas organizações da esquerda contemporânea. Marx inaugurou a importância de pensarmos a questão da organização da classe proletária e do desenvolvimento de sua consciência revolucionária para se promover uma radical transformação da realidade visando a superação do capitalismo e a construção da sociedade comunista. Em especial Lenin, mas também Gramsci, figuram como alguns dos teóricos marxistas que pensaram essa questão de maneira apurada, cada um a sua maneira. Ambos focaram na importância do partido político como principal instrumento de organização e desenvolvimento da consciência política da classe trabalhadora e mesmo da sociedade em geral. Portanto, nesses três pensadores podemos identificar uma importante relação entre o processo de desenvolvimento da consciência e a constituição de uma forma organizativa revolucionária. Aqui pretendemos explorar, ainda que superficialmente, como cada um desses autores trabalharam esta questão para, em seguida fazer um paralelo entre suas concepções e uma experiência organizativa de grande relevância na atualidade, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Apesar da inegável importância da teoria do partido, considerando como influenciou e ainda influencia correntemente diversas organizações de esquerda, o que observamos é uma repetição um tanto quanto dogmática de formas abstratas e manualescas que nada ou muito pouco correspondem às necessidades da realidade concreta e do momento atual que vivenciamos mundialmente. A mera repetição de noções e conceitos marxistas elaborados séculos atrás, em um contexto histórico tão diverso, nos parece contrária a uma das bases fundamentais da teoria marxista, o materialismo histórico-dialético, que remete à necessidade de se