Comportamentos e pensamentos orientados por rituais e símbolos
José de Jesus Viana Lima
LÉVI-STRAUSS, Claude. 1975 [1949]. “A eficácia simbólica”. In: Antropologia Estrutural. Traduzido do francês. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, p. 215-236.
Claude Lévi-Strauss, no capítulo X do seu livro Antropologia Estrutural, discute a relação entre terapia psicanalítica e a prática xamânica, observando que ambas se utilizam do plano simbólico para realizar curas.
Neste caso, Lévi-Strauss utiliza, para ilustração, um ritual dos Cuna, tribo indígena que habita o território da República do Panamá, em que uma mulher é entregue nas mãos do Xamã para intervenção depois de ter sido submetida a muitas tentativas frustradas de procedimentos convencionais para dar à luz.
Embora Lévi-Strauss tome por base o senso comum para inferir que as mulheres da América Central e do Sul têm parto mais fácil do que as mulheres das sociedades ocidentais, adverte que tal procedimento sofre a intervenção do Xamã, ocasionalmente, a pedido da parteira, caso esta não tenha obtido êxito nas suas tentativas de realizar o parto.
Basicamente, o ritual consiste em um longo canto, que descreve uma luta mística travada pelo xamã, com a ajuda de seus aliados espirituais e a utilização de objetos, com o objetivo de resgatar a “alma” da grávida das garras do espírito responsável pela gestação, neste caso, o próprio útero.
Há na canção diversas citações que remetem à realidade factual, como o caminho de Muu, que deve ser interpretado como o canal vaginal; e a morada de Muu, que é o próprio útero, entre diversas outras referencias. O xamã vai então, juntamente com seu exercito espiritual, vencer vários obstáculos no caminho de Muu, resgatando a alma da mulher e propiciando o nascimento do filho.
Essas imagens, esculpidas nas essências prescritas que lhes dão a eficácia, representam os espíritos protetores, que o xamã faz seus assistentes, e dos quais toma a direção para conduzí-los à morada de Muu,