Clientelismo
No balanço das redes: o individual e o coletivo nas relações clientelistas
Carlos Eduardo Sarmento
O objetivo desta comunicação é apresentar, a partir da experiência empírica de pesquisa, reflexões acerca dos conceitos de clientelismo e patronagem aplicados às sociedades industriais complexas. A origem dos conceitos remonta, no entanto, à etnografia e à antropologia e estavam nestes campos do conhecimento mais vinculados à definição de relações mais diretas e menos complexas. A definição destes conceitos está atrelada a uma dicotomia estabelecida entre fenômenos ditos tradicionais e arcaicos e processos de modernização e complexificação das sociedades – Para alguns autores o clientelismo é um elemento inerente a estas fases de transição (devemos retomar este ponto e defini-lo melhor)
1) Definições do clientelismo Segundo os trabalhos de Luigi Graziano e George Simmel o clientelismo pode ser definido como uma relação essencialmente diádica (ou seja, envolvendo dois elementos que atuam de maneira intercambiante): a) assimétrica, entre atores (ou grupos) que controlam recursos desiguais b) particularista, privada e que pressupõe envolvimento afetivo c) na qual os atores auferem benefícios mútuos, reciprocidade.
Apesar de ser visto como um modelo geral de definição, alguns trabalhos mais recentes vêm problematizando esta visão por demais abrangente. Robert Kaufman (The patronclient concept and macro-politics) aponta para dois eixos centrais que devem nortear a discussão sobre o rigor e a operacionalidade dos conceitos de clientelismo e patronagem: a) definição do nível do enfoque do problema, o que vai balizar o nível da análise (micro-análise ou ação coletiva; fenômeno pontual ou sistêmico) b) Diferenciação precisa entre clientelismo e outras formas de associativismo
Para uma abordagem mais rigorosa dos fenômenos