Clientela
A alteração na clientela é considerada determinante e inovadora na atuação do psicólogo, especificamente no caso do psicólogo clínico ao ter contato com uma clientela diferente daquela que tem acesso aos serviços psicoterápicos privados, frequentemente faz com que haja uma revisão nos módulos teórico-conceituais e até mesmo nas estratégias de como lidar com os aspectos psicológicos e psicopatológicos. Como descreve Lo Bianco, as atividades clínicas chegam a extrapolar as próprias instituições públicas de saúde levando a um trabalho com claras interfaces entre o clínico e o social.
O contato com a clientela da rede pública de educação, ou em outras palavras, “a realidade brasileira” tem exercido impacto importante na construção de uma trajetória que os conduziu a rever teorias e formas de intervenção na área escolar. Além disso, muitos trabalhos inovadores descritos são assim caracterizados por atenderem populações de baixa renda, que representam a maioria da população brasileira. Também é a área que apresenta a mais clara diversificação de clientela, por trazer para o campo de atuação de psicologia, os segmentos sociais antes excluídos. Das experiências descritas por Bomfim pode-se listar, entre outros, o trabalho com meninos de rua, favelados, negros, indígenas, etc...
O elemento significativo da crítica que se fez durante anos ao modelo de atuação dos psicólogos, consistia no uso acrítico que este fazia de conhecimentos e técnicas, desconsiderando-se a realidade em que estes eram aplicados. Reivindica-se portanto, uma postura mais ativa do psicólogo no tocante a gerar conhecimento e a ajustar o seu conhecimento e sua prática mutuamente. As teorias científicas disponíveis são insuficientes para se apropriarem adequadamente de fenômenos singulares da realidade de camadas populares de um país de terceiro mundo como o nosso. A citação do grande psicólogo social Martín Baró explica essa insuficiência nas seguintes palavras: “muitos do conceitos, teorias