Cinema novo: um instrumento para a formação da identidade nacional
A presente resenha não tem como objetivo fazer considerações de ordem estética em relação aos filmes que serão tratados mais adiante – Cinco Vezes Favela, Terra em Transe e Opinião Pública. Porém, a mesma tem o interesse de levantar elementos presentes nos filmes, na forma e no contexto em que foram elaborados, para que possamos pensar e compreender a década de 1960, através de um viés cultural, nesse caso, mais especificamente, no campo cinematográfico. Contudo, é necessário frisar que, evidentemente, tais elementos estavam sintonizados com o cenário político nacional e internacional. Nesse sentido, o que se objetiva aqui é abordar a forma como se produziu a cultura no cenário brasileiro nesse período, qual era o conteúdo e objetivo dessa produção cultural e quem eram os agentes que pensavam e construíam a cultura e, portanto, promoviam o desenvolvimento do pensamento social brasileiro. Essas ações devem ser analisadas através de um contexto específico onde estas estavam inseridas e se manifestavam como uma resposta ao período, assim, torna-se necessário abordar, sob linhas gerais, o momento histórico que o Brasil estava atravessando. A década de 1960 foi marcada pela industrialização do país e seus decorrentes impactos na vida cotidiana e que geravam esperanças libertárias no avanço tecnológico. Acreditava-se que com esses avanços, juntamente com a iminente revolução social, fosse ela democrático-burguesa ou socialista, seria possível retirar o país da situação de subdesenvolvimento ou de Terceiro Mundo, como muito se pregava naquela época. Na sociedade brasileira do final dos anos de 1950 até 1968, era considerável a luta contra o poder das oligarquias rurais e suas manifestações políticas e culturais e com os avanços tecnológicos trazidas pelo governo de Kubitschek, havia um otimismo em relação à possibilidade de modernização da sociedade. Contudo, se vislumbrava uma nova forma