deus e o diabo na terra do sol
Cinema Novo e Glauber Rocha: a identidade do cinema nacional
Nelson Silva Junior (UEPG)
- Introdução
O presente artigo tem por objetivo apresentar um panorama sobre o momento de transição pelo o qual o cinema brasileiro passou no final da década de 50, quando as chanchadas deram lugar a um cinema caracterizado pela busca de uma identidade própria do cinema brasileiro em contraponto a um cinema que buscava sustentação num padrão hollywoodiano de produção.
O surgimento de novos cineastas apontava para um cinema que mostraria a situação sócio política na qual o país se encontrava, fazendo surgir o mais importante movimento cinematográfico do Brasil, envolto pelas concepções ideológicas de seus realizadores, em especial Glauber Rocha, o principal representante desse movimento, o Cinema Novo.
- Por uma identidade
A segunda metade da década de 50 representou para o cinema brasileiro um ponto de partida para um novo pensar cinematográfico. Após o despertar do cinema nacional pelas mãos de Adhemar Gonzaga, Humberto
Mauro e Mário Peixoto, entre outros cineastas, e o surgimento do primeiro grande estúdio brasileiro, a Cinédia, a produção cinematográfica brasileira buscava uma identidade ainda ancorada nos moldes dos grandes estúdios hollywoodianos. Em 1941, no Rio de Janeiro, um grupo formado por profissionais do cinema, fundaria a produtora Atlântida, cujo principal objetivo era dar ao cinema nacional um caráter de produção contínua e de qualidade. Segundo Leite
(2005, p.70), “uma das principais marcas da Atlântida [era] a produção rápida com roteiros simples e despretensiosos, sem exigir grandes gastos”, voltada para um público mais simples, cuja bilheteria iria propiciar o capital necessário
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para um novo investimento fílmico. Foi a Atlântida que lançou no cinema nacional as chamadas “comédias carnavalescas” ou “chanchadas” e também foi a responsável