Cinema Marginal
“Para a compreensão da significação do Cinema Marginal dentro do panorama do cinema brasileiro, teremos de ter sempre presente esta conotação pejorativa inerente ao fato de estar à margem. Uma das principais características deste “cinema” está exatamente no deslocamento ideológico desta carga pejorativa, que passa a ser valorada de outras formas.”
“O cinema de autor permitiria a prática cinematográfica desvinculada das exigências opressoras do último elo (a realização do valor)”
“Dilema para o ‘autor’ que não sabe mais a qual das vozes dis cordantes atender: se a que vem do seu interior e o leva a arrebentar com a forma e com o contato com o grande público; ou a que vem do exterior – ou talvez da parte crítica de seu ego – e que o culpa por uma não interferência mais direta na realidade em favor da ‘imensa maioria da população’”
“Este posicionamento do grupo do Cinema Novo, cada vez mais a favor de um cinema espetáculo ligado a esquemas industriais de produção, não será realizado sem profundas divergências internas e acusações de ‘adesão ao inimigo’. É, no entanto, dentro do universo colocado por esta questão que a problemática do marginalismo se desloca imperceptivelmente para fora do Cinema Novo e começa a existir em ‘oposição’ a ele”
“A marginalidade encontra, então, um quadro extremamente propício para seu desenvolvimento e pode mesmo ser considerada como um elemento central para a caracterização do período. A principal contradição embutida nas propostas de ‘cinema de auto’ elaboradas pelo Cinema Novo desaparece. A realidade política e social excludente impede e, principalmente, desobriga uma vinculação maior entre a obra produzida e sua destinação social. O aspecto da ‘desobrigação’ é fundamental no caso, pois os cineastas marginais perdem o ‘sentimento de culpa’ relativo a este aspecto [...]”
“Constituem estes termos a antinomia básica do Cinema Marginal (curtição/horror) [...]”
“Nos objetos passíveis de ‘curtição’ – e que se chocam não só