Cinema de Fluxo

Cinema de Fluxo

Elefante (2003)
No filme "Elefante", Gus Van Sant aborda sobre dois garotos que planejam um massacre no colégio. A narrativa chega a ser complexa, por apresentar de vários ângulos diferentes os acontecimentos em uma não-linearidade. Porém, o diretor parece optar por essa temporalidade almejando mostrar que é importante ver o fenômeno através de várias visões, pois é coletivo e complexo. A dificuldade de correlacionar os fatos do filme pode ser uma tradução da realidade, como as pessoas nem sempre conseguem entender perfeitamente o que o acontece. Há sempre uma tentativa de explicar a causa e a consequência dos acontecimentos, porém Gus Van Sant optou por deixar em aberto o porquê da matança. Além disso, há muitos planos-sequência com o intuito de que as ações dos personagens provoquem sensações e afeto no espectador. Por exemplo, na cena da Michelle, a câmera foca sempre nela pra mostrar como ela é isolada pelos outros alunos e, além disso, ela aparece quase o tempo todo de costas para mostrar o ponto de vista dela. E soma-se a tudo isso, o fato do filme ser passar sempre em espaços fechados e apertados, quase claustrofóbicos.

Mal dos Trópicos (2004)
Apichatpong Weerasethakul traz um filme com poucas falas, mostrando a rotina dos personagens. Com a ajuda da fotografia, mostra o clima abafado e úmido: o tropical do título. Na cena em que os meninos estão conversando, quando surge uma chuva, vemos que Apitchatpong faz essa transmissão sensorial através do clima. Eles se sentem nostálgicos e, passado o calor, vem uma sensação de paz e tranquilidade, criando uma intimidade maior do espectador com os personagens. Na segunda parte, o diretor trabalha com a escuridão e essa quebra fica clara quando um dos personagens se despede do outro, enquanto caminha para longe da luz. Em outro momento, Apichatpong faz a história reiniciar com outros personagens e os mesmos atores. A primeira seria mais realista e mostrando os fatos cotidianos e a segunda mais