ciencia politica
A intenção deste artigo não é abranger globalmente a constituição da Ciência Política como disciplina acadêmica no Brasil, mas focalizar a atenção no grupo geracional e regional (incluindo instituições) que denomino grupo mineiro/carioca.
Essa seleção exclui importantes cientistas políticos, assim como cientistas sociais de outras regiões e períodos históricos. A exclusão não minimiza a importância da contribuição desses pensadores à Ciência Política brasileira, mas qualifica deliberadamente o grupo focalizado como ator privilegiado da autonomização do conhecimento científico da política em relação a outros ramos das ciências sociais brasileiras.
As instituições que considero pioneiras nesse processo de constituição da Ciência Política como disciplina autônoma são o Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) e o Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (DCP-UFMG), liderados respectivamente por Wanderley Guilherme dos Santos e Fábio Wanderley Reis. Foi intenso o intercâmbio de intelectuais e de ideias entre elas, principalmente no sentido Minas — Rio. Um número respeitável de intelectuais mineiros emigrou para o Iuperj, dentre os quais Bolivar Lamounier, Simon Schwartzman, Amaury de Souza, Edmundo Campos Coelho, Olavo Brasil de Lima Júnior, Renato Boschi e José Murilo de Carvalho.
O relativo atraso da institucionalização e profissionalização da Ciência Política não é fenômeno apenas brasileiro, mas pretendemos aqui deslindar as especificidades desse fato no âmbito nacional. E tratando-se de estudar a emergência das ciências sociais num país subdesenvolvido, nunca é demais frisar sua subordinação aos eventos, instituições e lideranças intelectuais dos centros produtores do "Primeiro Mundo". A constituição da Ciência Política acadêmica no Brasil está estreitamente vinculada à influência estrangeira, especialmente à norte-americana, que nutriu e formou a maioria dos integrantes dessa