Cibercultura
Introdução - Dilúvios
A proposta do livro é pensar a cibercultura. Lévy comenta que consideram-no um otimista, mas faz a ressalva de que seu otimismo não está baseado no fato de que a internet resolverá os problemas sócio-culturais do planeta. Tal otimismo consiste apenas em reconhecer dois fatos:
a) que o crescimento do ciberespaço resulta de um movimento de jovens ávidos por experimentar coletivamente formas de comunicação diferentes das que as mídias clássicas propõem;
b) que estamos vivendo a abertura de um novo espaço comunicacional, e cabe a nós explorar as potencialidades deste espaço nos planos econômico, político, cultural e humano.
Para o autor, aqueles que denunciam a cibercultura se assemelham muito com os que desprezavam o rock na década de 1950. Tal gênero musical era de origem anglo-americana e logo se tornou uma indústria. Mas isso não o impediu de se tornar porta-voz dos anseios de enorme parte da juventude mundial. A música pop dos anos 1970 conscientizou uma ou duas gerações, contribuindo para o fim da Guerra do Vietnã. O autor argumenta que nem um nem outro gênero musical resolveu o problema da miséria ou da fome no mundo, mas que isso não é motivo suficiente para ser “contra” eles.
Lévy conta que durante uma mesa-redonda sobre os “impactos” das novas redes de comunicação teve a oportunidade de ouvir um cineasta denunciar a “barbárie” dos videogames, do mundo virtual e dos fóruns eletrônicos. O autor diz que respondeu que aquele era um discurso estranho vindo de um representante da sétima arte, uma vez que o cinema, ao nascer, foi desprezado como meio de emburrecimento das massas por quase todos intelectuais, assim como pelos porta-vozes oficiais da cultura. Hoje o cinema é reconhecido como uma arte, dotado de todo reconhecimento cultural possível. Ao autor parece-lhe que o passado não é capaz de iluminar tais críticos. O mesmo fenômeno do qual o cinema foi vitima se