Cesário Verde- A dimensão pictórica Cesário Verde foi um poeta português do séc. XIX. A sua poesia apresenta um carácter subversivo uma vez que pode ser considerada como uma revolução da linguagem poética para a época. Entre os principais temas presentes na sua obra poética destacam-se: o interesse pelo real, a descoberta da cidade, o diálogo interartístico, a teatralização do eu e a visão de artista. Segundo David Mourão-Ferreira, Cesário Verde foi um «pintor nascido poeta»., elo de ligação. A poesia de Cesário convoca expressamente a pintura, por essa razão, o poeta substitui o modelo musical pelo modelo visual. Como é visível no verso no poema «Nós», o poeta vai estabelecer uma relação de analogia com a pintura «Pinto quadros por letras, por sinais/ tão luminosos como os de Levante.» O poeta mostra-se preocupado em captar o instante fugaz, por esse motivo, recorre ao uso da cor de modo a traduzir a frescura e a vitalidade que a realidade objectiva lhe oferece. Por conseguinte, na sua poesia encontramos a referência às cores naturais e vivas provenientes da luz do dia e, por outro lado, a referência à tonalidade. No uso da técnica tonal destacam-se as cores monocromáticas que emergem quando o sol desaparece concedendo o seu lugar à lua. Deste modo, o uso da técnica tonal permite realçar o conteúdo dramático e emotivo de um poema, como acontece em «O Sentimento dum Ocidental» e em «Noite fechada». Por outro lado, é importante mencionar que as cores de Cesário são constituídas por palavras, as quais não aludem obrigatoriamente ao nome de uma cor. Cesário recria a realidade objectiva através de cores que possuem uma identidade mas que não têm nome, como é possível observar no poema «Num Bairro Moderno», no verso quatro da primeira estância“ brancuras quentes” e no verso cinco da décima oitava estância “raios de laranja destilada”. «De Verão» é um dos poemas em que o poeta assume o papel de pintor. Este poema põe em evidência a dimensão