Casos de carlos
Carlos é Baiano, pardo, descendente de índio, estudou até completar o primário, é aposentado, casado, tem quatro filhos e na data do relato tinha 57 anos.
Veio para o estado de São Paulo ainda criança, aos seus pequenos oito anos, com seus pais e dois irmãos. Seus pais nunca trabalharam como assalariados, sua mãe era dona de casa e seu pai (que sustentava a casa e a família) era alfaiate, profissão que Carlos jamais quis ser, pois achava que o pai trabalhava muito para ganhar pouquíssimo, além disso, em períodos econômicos difíceis o pai não tinha trabalho, também era alcoólatra e não valorizava o estudo.
A vinda da família para São Paulo deu-se após a grande seca que aconteceu na Bahia, vieram à procura de emprego, pois naquela época contratavam muitos imigrantes para trabalhar na mão de obra, porém pagavam pouco. Depois de várias idas e vindas, Carlos e a família se fixaram na cidade de Campinas, onde – até a data do relato – ainda mora.
Desde que Carlos era pequeno o pai sempre lhe disse que aprender um ofício (trabalho) era o que importava a um homem, mesmo assim por insistência de sua mãe estudou até completar o ensino primário. Por insistência do pai e necessidade da família, Carlos começou a trabalhar ainda criança, aos dez anos além de estudar, já trabalhava como prestador de serviços de manutenção com um conhecido de seu pai, o trabalho exigia que Carlos tivesse um grande esforço físico, pois andava por toda a cidade de Campinas. Além disso, aos domingos Carlos fazia compras na feira para seu patrão, não sobrando muito tempo para estudar e brincar.
Carlos e sua família se mudaram para Governador Valadares, onde o pai