Casa Grande e Senzala
No. 4, Abril 1904. Vol. XXIII
O PIVÔ GEOGRÁFICO DA HISTÓRIA*
Por H. J. MACKINDER, M. A., Professor de Geografia na Universidade de Oxford; Diretor da
Escola de Londres de Economia e Ciência Política.
Tradução:
Thiago Alberto Coloda
Bianca de Andrade
Quando os historiadores, num futuro remoto, olharem para os séculos que vivemos e vê-los resumidamente, como hoje olhamos as dinastias egípcias, pode-se muito bem presumir que eles descrevam os últimos 400 anos como a época Colombiana e dizer que esta terminou com o século
XIX. Ultimamente, tem sido comum falar que a exploração geográfica está quase terminada e é reconhecido que a geografia deve ser desviada para fins de pesquisa intensiva e sínteses filosóficas.
Em 400 anos, o mapeamento do globo foi concluído com uma boa precisão,e até mesmo nas regiões polares as viagens de Nansen e Scott tem reduzido de forma muito restritiva as possibilidades de novas descobertas. Mas o início do século XX é apropriado como o fim de uma grande época histórica, não apenas por conta dessas realizações, apesar de serem grandes. O missionário, o conquistador, o fazendeiro, o mineiro e, posteriormente, o engenheiro, seguiram de perto os passos do viajante pelo mundo em suas fronteiras remotas, apesar de reveladas prematuramente, devemos antes registrar sua virtual apropriação política, quase total. Na Europa, América do Norte, América do Sul, África e Austrália, dificilmente haverá uma região que se deixou controlar sem que já tenha uma reivindicação de propriedade, a não ser como resultado de uma guerra entre as potências civilizadas ou semicivilizadas. Mesmo na Ásia testemunhamos os últimos movimentos do primeiro jogo que foi travado entre o cavaleiro de Yermak, o Cossaco e o navegante Vasco da Gama. De modo geral, pode-se contrastar a época Colombiana com a idade que a precedeu, descrevendo as suas características essenciais, como a expansão da Europa contra as resistências quase