Capital intelectual
CAPITAL
INTELECTUAL
de Leif Edvinsson e Michael S. Malone
São Paulo: Makron Books, 1998. por Petros Katalitós, gerente de Recursos Humanos dos
Negócios de Energia e Sistemas de Transportes do Grupo
Siemens no Brasil.
N
as avalanches de fusões e aquisições que têm ocorrido no Brasil e no mundo, raras têm sido as empresas adquiridas ou incorporadas com base em seu valor contábil, aquele que consta de seu tradicional balanço patrimonial.
Um dos casos mais marcantes de que se tem registro foi o valor desembolsado pela IBM quando adquiriu a Lotus. Embora seu valor contábil fosse de cerca de US$ 250 milhões, a Lotus foi adquirida por não menos que US$ 3 bilhões. O que fez com
RAE • v. 38 • n. 4 • Out./Dez. 1998
que a Big Blue se dispusesse a abrir mão de vultosos US$ 2,75 bilhões a mais do que os preciosos e objetivos números depreendidos da análise do balanço patrimonial da Lotus? A resposta é simples: a
IBM decidiu pagar por algo mais valioso do que o refletido no balanço tradicional.
De que estamos falando? De fatores que, apesar de constarem quando muito das notas explicativas dos balanços, fazem toda a diferença.
Se fizermos uma visita ao pregão de Wall Street ou, simplesmente, folhearmos as páginas de negócios dos principais jornais americanos, observaremos uma Southwest Airlines valendo muito mais do que outras empresas tradicionais muito maiores. Daí temos a Netscape, uma empresa cujo patrimônio mal chega aos US$ 20 milhões, mas que, ao abrir seu capital mediante uma oferta inicial de ações, apercebe-se de que o mercado, no final do dia, lhe atribuíra o valor de US$ 3 bilhões.
A Intel provoca, a bem dizer, um “escândalo mundial” devido a deficiências no microprocessador
Pentium, e o preço de suas ações – pelo menos até algumas semanas atrás – mal chega a oscilar. Se nos ativermos ao mercado brasileiro, observaremos empresas como a Kibon sendo adquiridas por um preço muito maior do que seu valor contábil –