Cap Tulo IV
Cur Darii regnum quod Alexander occupaverat a successoribus suis post Alexandri mortem non defecit
Por que razão o reino de Dario, ocupado por Alexandre, não se revoltou contra os sucessores de Alexandre
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C
onsideradas as dificuldades relativas à manutenção de um Estado recém-conquistado, alguém poderia maravilhar-se de que, tendo
Alexandre Magno82 se tornado senhor da Ásia em poucos anos[xxxvii]
82. Alexandre Magno (356–323 a.C.), da Macedônia. Filho de Filipe II, formou um império que ia dos Bálcãs até a Índia, o qual manteve por meio de casamentos e respeitando os costumes, a religião e a língua dos locais conquistados, além de manter neles os governantes locais. Conquistou também a Pérsia, ao derrotar Dario III, e o Egito. O Império Alexandrino foi um dos maiores da História, em termos territoriais (só perdendo para o sarraceno, o inglês e o espanhol), mas foi aquele que mais rapidamente se constituiu: 12 anos apenas. As conquistas de Alexandre expandiram a cultura helenista pelo Oriente, a qual seria legado dos sarracenos.
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e logo morrido sem concluir a ocupação,83 seria razoável que todo aquele
Estado se revoltasse;[72] então, por que os sucessores deAlexandre lá se mantiveram, e não encontraram, para conservar o Estado, nenhuma dificuldade além da criada pela própria ambição deles?[73] A isso, respondo que todos os principados de que se tem memória foram governados de um destes dois modos: ou por um príncipe, e todos os servos que por graça ou permissão dele o ajudaram, como ministros, a governar o novo reino; ou por um príncipe e por barões,84 que, não pela graça do senhor, mas pela antiguidade do sangue, tenham esse título.[xxxviii] Esses barões possuem
Estados e vassalos próprios que os reconhecem como senhores e têm por eles um afeto natural.[74] Quanto aos Estados que se governaram por um príncipe e seus servos, tem o príncipe neles mais autoridade,[xxxix] porque,
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