Caminhadas pela Cidade - Michel de Certeau
Disciplina: Tópicos Especiais II
Universidade Estadual do Centro-Oestre
Roteiro Tópicos II
1) Quem é o voyeur enunciado por Certeau? A princípio parece ser o próprio Certeau, devido a narrativa em primeira pessoa a partir do alto do World Trade Center. Porém, adiante no texto, voyeur se aproxima de um deus, um olhar divino, que se faz a na perspectiva do alto para baixo. Faz parte de uma erótica do saber, um êxtase de observar o conjunto concentrado em uma pulsão escópica, do ver e ser visto psicanalítico, que concentra num ponto específico a capacidade de observar de cima a cidade, restrita a poucos de todos aqueles que compõem a cidade observada.
2) Que cidade a assertiva certoniana “a cidade panorama é um simulacro teórico ...” (CERTEAU, 1998: 171)? A cidade arquitetada, vista de cima, exclui as práticas, as operações dos pedestres, é um simulacro do visível que atua na superfície avançada do cotidiano, em textos opacos produzidos por uma rotina de autores que não são leitores. É o amplo tomando para si a homogeneidade sobre o específico, numa paisagem urbana de falsa mobilidade, o que constitui-se num simulacro, ou representação artificial de uma realidade, espectro, cópia que superpõe uma complexa rede de operações e pedestres sob a monumentalidade que se apresenta ao observador.
3) Qual a concepção do autor acerca do conceito operatório de cidade? A cidade a que Certeau se refere é a instaurada por um discurso utópico e urbanístico, cujas premissas se baseiam em possibilidades de uma tríplice operação. Em suma, a ideia de um espaço próprio, a constituição de um não-tempo e o estabelecimento de um sujeito universal, formam as tríplices operações da cidade-conceito. Isso quer dizer que, ao se colocar como sujeito, adquirindo um nome próprio, a racionalização do espaço cria necessidades a partir da relação entre gestão e eliminação. Tal ideia se consolida pela criação de um sistema sincrônico, regulador das