O turismo e a produção do não lugar
ANA FANI ALESSANDRI CARLOS
"O que os homens perseguem com tanta pressa, como ondas agitadas pela tempestade iminente?" Paul Klee
(Do livro: Turismo: Espaço, Paisagem e Cultura, Editora Hucitec, org. Eduardo Yázigi, Ana Fani Alessandri Carlos e Rita de Cássia, Ariza da Cruz, págs. 25-39, 1999)
A análise do mundo moderno coloca nos diante de uma série de desafios decorrentes das transformações aceleradas provocadas pelo proces¬so de globalização como produto de desenvolvimento do capitalismo que destrói barreiras e ultrapassa obstáculos, como conseqüência de sua reali¬zação. Nesse processo o espaço tem papel fundamental na medida em que cada vez mais entra na troca, como mercadoria. Isso significa que áreas inteiras do planeta, antes desocupadas, são divididas entrando no processo de comercialização. Cada vez mais o espaço é produzido por novos setores de atividades econômicas (1) como a do turismo, e desse modo praias, montanhas e campos entram no circuito da troca, apropriadas, privativamente, como áreas de lazer para quem pode fazer uso delas.
O lazer na sociedade moderna também muda de sentido, de atividade espontânea, busca do original como parte do cotidiano, passa a ser cooptado pelo desenvolvimento da sociedade de consumo que tudo que toca trans¬forma em mercadoria, tornando o homem um elemento passivo. Tal fato significa que o lazer se torna uma nova necessidade. Isto é, no curso do desenvolvimento da reprodução das relações sociais, produz se nova ativi¬dade produtiva, diferenciada, com ocupações especializadas que produz um novo espaço e/ou novas formas de uso deste espaço. "A civilização indus¬trial moderna com seu trabalho parcelar suscita uma necessidade geral de lazer e de outro lado no quadro da necessidade, necessidades concretas diferenciadas". (2)
Nesse sentido cidades inteiras se transformam com objetivo precípuo de atrair turistas, e esse processo provoca de um lado o sentimento de