Camilo Pessanha

Camilo Pessanha O poeta simbolista conjuga, na sua poesia, as sensibilidades simbolista e modernista, através do anseio por ideais inalcançáveis e a sugestão de ambientes indefiníveis, expressos em musicalidade cuidada, por um lado, e, por outro, acentuando a materialidade da escrita com uma finalidade em si própria e praticando a fragmentação do discurso e a comunicação por planos intervalares Esta poesia evidencia-se pela estranheza que suscita, preocupada com transparências, no campo poético, entre o plano intelectual e o sensorial. No simbolismo predominam dois temas: o da mágoa e da dor e o da morte, num desejo de desaparecimento silencioso, de infiltração no cosmos, num universo poético de transparência e ambiguidade. O poeta simbolista está sempre aberto aos estímulos sensoriais, que lhe despertam sugestões, emoções indefinidas e vagas. Repare que, à medida que a conversa morre, fica no ar apenas o som da viola. Camilo Pessanha é considerado um poeta simbolista porque em muitos dos seus poemas, ele consegue transmitir, através da imagem dinamizada em símbolo, a essência de um mundo que só a palavra poética transmite e comunica. Túlio Ferro, num artigo publicado na revista Vértice, XI, intitulado Perfil de Camilo Pessanha, escreveu o seguinte:
«...é na obra de Pessanha que se encontra a primeira realização cabal de poesia pura, poesia de essência musical, depurada do Pathos romântico, liberta das pretensões esculturais do parnasianismo, poesia em que não há propriamente assuntos, temas, mas unicamente um fluxo ritmado de palavras imponderáveis, de significação imprecisa, fluida, em suma, uma atmosfera, uma tonalidade. Diz Jacinto Prado Coelho que Camilo Pessanha, na sua escassez material, é o mais puro e sazonado do Simbolismo português, capaz de sofrer o paralelo com os grandes simbolistas europeus, e presa, não obstante o afastamento do poeta em terras do Oriente, às raízes da sensibilidade portuguesa., com os seus temas do