Análise de Vida, Camilo Pessanha

1632 palavras 7 páginas
Introdução
O presente trabalho pretende analisar a obra de Camilo Pessanha, mais especificamente o poema Vida, que se encontra dentro da obra intitulada Clepsidra, relacionando-a com a bibliografia sugerida.
Camilo de Almeida Pessanha nasceu em 1867 em Coimbra, onde também cursou direito. Foi procurador Régio em Mirandela, advogado em Óbidos e transferiu-se para Macau, segundo a Revista A Phala:
“Quando, por imposição de concurso e sem prévia intenção, já que as suas preferências de colocação iam para Luanda ou Timor, viaja para Macau, aos vinte e sete anos, Camilo Pessanha compusera já uma boa parte dos poemas que haviam de figurar na edição de seu futuro livro” (A Phala, 1988)
Clepsidra só foi publicada depois do modernismo, em 1920, pois o autor nunca quis ser publicado em livro e teve seus poemas publicados em jornais e revistas da época. Posteriormente o livro foi ampliado pelo autor, que acrescentou alguns poemas. Os temas mais frequentes abordados pelo autor são aqueles relacionados à sua consepção pessimista, desistente e cética da vida. O título faz referência, segundo o dicionário (Houaiss) a um relógio de água. Um instrumento que sugere a fluidez do tempo quanto a sua irreversibilidade. Desta forma, pode-se interpretar que os assuntos tratados por Pessanha são de ordem do fluir inflexível do tempo e a fragilidade e brevidade da vida humana.
Pessanha ganhou nome e é considerado um dos grandes poetas do simbolismo modernista. Morreu em 1926.

1. Análise do poema
Vida
Choveu! E logo da terra humosa
Irrompe o campo das liliáceas.
Foi bem fecunda, a estação pluviosa!
Que vigor no campo das liliáceas!

Calquem. Recalquem, não o afogam.
Deixem. Não calquem. Que tudo invadam.
Não as extinguem. Porque as degradam?
Para que as calcam? Não as afogam.

Olhem o fogo que anda na serra.
É a queimada... Que lumaréu!
Podem calcá-lo, deitar-lhe terra,
Que não apagam o lumaréu.

Deixem! Não calquem! Deixem arder.
Se aqui pisam, rebenta além.

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