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James Heckman, um economista norte-americano, recebeu o Prêmio Nobel no ano 2000 ao provar que o tratamento dado a essas crianças impacta toda a sociedade no futuro – inclusive economicamente. Em seu trabalho, Heckman criou uma série de métodos para avaliar o sucesso de programas sociais e de educação para a primeiríssima infância. Com isso, demonstrou que, para cada dólar investido em políticas públicas voltadas a crianças com idade entre 0 e 3 anos, há um retorno de US$ 9 para a sociedade. Para a banca que concede o
Nobel, o cálculo do economista comprovou o efeito cascata da atenção na primeiríssima infância: no futuro, isso significa menos crimes e adultos mais preparados para lidar com as dificuldades da vida.
A explicação para tanta preocupação com os cuidados nos primeiros anos de vida está no desenvolvimento do cérebro, afirma a pediatra Sandra Regina de Souza, coordenadora da Saúde da Criança da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Na primeira fase da vida, neurônios se conectam e se fortalecem em alta velocidade. “O que vai fazer com que a gente tenha mais ou menos habilidades, com que a gente consiga interagir mais ou menos com as pessoas e que nos tornemos mais ou menos inteligentes são as conexões entre os neurônios”, diz Sandra. O cérebro evolui por etapas: a visão se organiza nos primeiros 6 meses de vida, a audição, nos primeiros 2 anos e a capacidade de entender o outro, nos primeiros 18 meses de vida. Dos 0 aos 3 anos, é o período de maior plasticidade cerebral, que é a capacidade do cérebro realizar sinapses, ou seja, conexões entre as células nervosas. É nesta primeira etapa da vida que o cérebro, portanto, organiza as percepções do mundo, que ficam marcadas para a posteridade. Com tantas transformações importantes acontecendo na primeiríssima infância, é preciso que as famílias e os profissionais responsáveis pelos cuidados, como os