Brasil e o Desenvolvimento sustentável
Enrique Ortega
Laboratório de Engenharia Ecológica, FEA, Unicamp
1. A Sustentabilidade desejada
Nos anos 60 e 70, grupos importantes da população reconheceram que o modelo de desenvolvimento tinha se tornado dependente do uso de recursos não renováveis, especialmente de combustíveis fósseis, Eles reconheciam que esse desenvolvimento gerava impactos muito grandes ao meio ambiente e as populações onde o ambiente era destruído.
Esses grupos manifestaram em diversas formas suas preocupações até atingir o fórum das
Nações Unidas. A Conferência da ONU para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, mais conhecida como Rio-92 foi realizada em junho de 1992. Seu objetivo principal foi buscar os meios de conciliar o desenvolvimento econômico com a conservação e proteção dos ecossistemas. Se manifestou a consciência de que os danos ao meio ambiente eram de responsabilidade dos países desenvolvidos e das empresas multinacionais. A partir desse momento ficou acordado que nem os países nem as empresas podiam apoiar políticas que fossem contra a Sustentabilidade.
Entendia-se que a Sustentabilidade seria conseguida pela adoção mundial de um novo modelo de desenvolvimento baseado no uso de recursos renováveis. E dessa forma se manifestaria solidariedade com as gerações futuras, com todos os povos e todas as classes sociais e também com a flora e a fauna do planeta. Se pensava em ajuste gradual com transformações sucessivas dos sistemas de produção e consumo.
Porém, os instrumentos propostos para atingir o Desenvolvimento Sustentável foram atacados e descaracterizados pelas empresas multinacionais e os governos onde essas empresas têm suas sedes, os quais se mobilizaram para redefinir os acordos globais. Os acordos alterados ficaram muito distantes das aspirações originais. A Agenda 21 em vez de promover a conversão de sistemas não renováveis a sustentáveis se tornou uma proposta para aumentar o comercio internacional.