Bioquimica da saliva
CARLOS EDUARDO PINHEIRO(*)
INTRODUÇÃO A saliva é um líquido secretado pelas glândulas salivares diretamente na cavidade bucal. Seu maior componente é a água, que chega a ocupar aproximadamente 99% de seu peso, sendo o restante formado por componentes orgânicos e minerais que constituem a parte sólida da saliva. Várias são as glândulas que contribuem para a formação da saliva, sendo que no homem e na maior parte dos animais existem três pares de glândulas maiores, ou seja, parótidas, submandibulares, sublinguais e por inúmeras glândulas menores, localizadas principalmente na mucosa bucal. Ao conjunto das diversas secreções glandulares que se juntam dentro da cavidade bucal deu-se o nome genérico de saliva mista. Na verdade, a saliva mista contém, além das secreções glandulares, componentes estranhos como fluído gengival, células
descamativas, bactérias e produtos bacterianos, além de outros componentes variáveis. As salivas secretadas por cada par de glândulas maiores só são obtidas por meio da canulação de seus ductos excretares. As salivas individuais, isto é, as secretadas por cada par de glândulas, diferem entre si tanto na proporção de volume secretado quanto em sua composição química, dependendo da existência ou não de estímulos como também da natureza e intensidade dos mesmos. A saliva é muito impo rtante para o meio bucal como também para o próprio organismo. Costuma-se atribuir geralmente à saliva um papel digestivo e excretor. A saliva contém a enzima amilase, capaz de hidrolizar o amido contido nos alimentos, transformando-o em dextrina, maltose e glicose. Contudo, como o tempo de permanência do alimento na cavidade bucal é diminuto, o papel digestivo desta enzima é relativamente insignificante. Não obstante, a atividade amilolítica da saliva atua continuamente sobre os amiláceos Revista Paulista de Odontologia
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(*) Professor Titular do Departamento de Bioquímica — Faculdade de