Ação boa de uma má
Imagine que um grupo de terroristas se apodera de um avião em Berlim. Os seus passageiros e tripulantes ficam reféns. Contudo, os terroristas propõem libertá-los se um cidadão local que eles consideram envolvido em actividades antiterroristas lhes for entregue para ser morto. Se as autoridades da cidade não colaborarem ameaçam fazer explodir o aparelho com todas as pessoas lá dentro.
As autoridades locais sabem que o cidadão em causa não cometeu o menor crime durante a sua vida e que os terroristas estão enganados pois não participou na morte de membros do grupo que agora dele se quer vingar. Não obstante, sabem que será vã a tentativa de convencer os terroristas de que estão enganados.
Imagine também que no grupo dos indivíduos que representam as autoridades locais autoridades locais, há divisão de opiniões.
Alguns, a que chamaremos grupo A, dizem: «Não nos parece que tenhamos meios suficientes para assaltar o avião e neutralizar os terroristas impedindo que assassinem os reféns. Seria uma carnificina. Não é agradável entregar um inocente a terroristas mas temos de levar em conta as consequências da nossa decisão. Devemos pensar que aqueles reféns também são pessoas inocentes. Dadas as circunstâncias devemos optar pelo melhor resultado: a morte de um inocente servirá, por mais que isso nos possa perturbar, para salvar a vida de centenas de inocentes.»
Outros a que chamaremos grupo B, dizem: «Mesmo que os meios nos pareçam insuficientes é nosso dever ajudar as pessoas que estão nas mãos dos terroristas e não ceder à sua chantagem. Vocês estão a infringir intencionalmente, embora de mau grado, um dever fundamental. Vão entregar a morte certa uma pessoa inocente. Serão, por mais que isso vos desagrade, cúmplices dos terroristas. Há certo tipo de actos que nunca devemos realizar ou permitir sejam quais forem as circunstâncias. É possível que a acção que defendemos possa provocar a morte de muitas