as redes turísticas: o consumo dos espaços urbanos
Na reestruturação mundial recente, fatores como a abertura dos mercados, a intensificação dos processos globais, a nova divisão do trabalho e a internacionalização da cultura tenderam a aumentar a importância dos serviços com relação às atividades industriais, associando-os ao surgimento de espaços urbanos com novas características. A partir desta contextualização, queremos discutir a consolidação do turismo no consumo e renovação de espaços urbanos, de modo a influenciar mudanças na imagem da cidade que exacerbam os espaços de simulação em metrópoles como São Paulo, que têm continuamente buscado maior inserção no cenário mundial. Preocupa-nos compreender o que acontece com a cultura urbana dessas grandes cidades, quando “o investimento em construção da imagem se torna tão importante quanto o investimento em novas fábricas e maquinário”. Pretendemos, de forma direcionada, avaliar como o turismo se transforma em ferramenta de valorização do lugar e como a hotelaria, um de seus subsegmentos, se presta à produção de um campo simbólico carregado de representações.Nas cidades contemporâneas, estabeleceram-se novas relações de consumo, associadas a uma diferente compressão do binômio espaço-tempo. Essas transformações nas experiências do tempo e do espaço ocorridas ao longo do século XX, em especial a partir da Segunda Guerra Mundial - referenciada por Harvey (2001:27) como “o maior evento da história da destruição criativa do capitalismo” - asseguraram o domínio de uma dinâmica de produção baseada em novas tecnologias de comunicação e informação.
A hegemonia destas novas formas de produção transformou o significado do trabalho e do cotidiano das pessoas, influenciou o redesenho de identidades sociais e modificou o conceito de tempo livre e o significado do ócio, alterando o lugar da cultura, mudando a forma de uso do espaço e configurando grandes transformações urbanas.