As origens do pensamento grego
O Universo Espiritual da Polis
O nascimento da Polis, entre os séculos VIII e VII configurou uma grande mudança na vida social e nas relações entre os homens. Um de seus aspectos fundamentais é a preeminência da palavra sobre todos os outros instrumentos de poder. A palavra formava o instrumento da vida política e a escrita o meio de uma cultura comum. Todas as questões eram submetidas à arte da oratória e deveriam resolver - se na conclusão de um debate levando em conta a contradição e força de persuasão. A Polis tem outra característica importante, a publicidade dada às manifestações mais importantes da viva social. Sob o olhar de todos em pleno dia é colocado um conjunto de condutas, um movimento de democratização que leva a consequências no plano intelectual. Valores técnicos mentais são levados à praça pública sujeitos à crítica e a controvérsia. A cultura grega constituiu-se nessa época. Os cultos antes cheios de mistérios e segredos tornaram-se públicos, oficiais da polis. O poder divino estendeu-se sobre todos proporcionando sempre maior o acesso ao mundo espiritual antes dedicado apenas a uma aristocracia de caráter guerreiro e sacerdotal. A escrita passou a suprir uma reivindicação surgida desde o nascimento da cidade: a redação das leis, criando assim uma regra comum, aplicada a todos da mesma maneira, sujeita à discussão e só sofrendo modificação por decreto sem que perdesse totalmente seu teor de ter sido concebido como sagrado. Todavia, houve resistências e dificuldades da passagem da religiosidade secreta para a vida pública, assim como obstáculos que limitavam o progresso. Ainda permaneciam em alguns domínios, práticas secretas que operavam por vias misteriosas, com a utilização de santuários e oráculos como práticas de governo. Além disso, existia o domínio da religião, paralelo ao culto público que era uma seita de grupos fechados, hierarquizados nos quais os eleitos