As misérias do processo penal
Francesco Carnelutti em seu livro, As Misérias do Processo Penal, analisa os elementos do processo penal e de seu caminho. Logo no início da obra, Carnelutti faz menção a toga, usada pelos juízes, advogados e Ministério Público, o autor também levanta a dúvida de por qual motivo esses dois últimos também vestem a toga, já que a mesma representa autoridade. Responde ele, que enquanto o juiz está lá para impor a paz, acusadores e defensores estão lá para fazer a guerra, e é justamente disso que o processo precisa, de guerra para então garantir-se a paz, explicando assim, que a toga usada pelo Ministério Público e pelos advogados significa que aquilo que fazem é feito a serviço da autoridade, embora pareçam estar divididos, estão na verdade unidos no esforço que cada um faz para buscar justiça. Carnelutti destaca também, o ar teatral que é dado ao tribunal e a toga, sofrem indiferença pelos processos pequenos e causam furor e clamor nos processos mais céleres, nestes os tribunais lotam não só com o público em geral, mas também com a imprensa, trazendo desordem para dentro do tribunal e fazendo com que a tão autoritária toga usada pelos magistrados e advogados, se perca na multidão, o autor ressalta que são raros os juízes que tem severidade para reprimir tal desordem.
Carnelutti nos apresenta também o preso, descrevendo o quanto é terrível a figura do mesmo, abandonado, sozinho, triste e essencialmente um necessitado, e quando se fala em necessitado não é de bens materiais (roupas, alimentos, medicamentos...) e sim necessitado de amizade, e é aí que entra a figura do advogado, aquele ao qual se pede primeiramente, a forma essencial de ajuda, que é a amizade. Na maioria dos casos, o acusado se sente oprimido e rejeitado pela sociedade, e o advogado deve pouco a pouco conhecer e abrir a alma daqueles que a tem fechada, no caso, o acusado que o advogado vai defender. Paralelamente ao pedido de amizade, os acusados também sentem