As duas faces de lolita
Resumo: O objetivo deste artigo é fazer uma breve análise do romance Lolita do russo Vladimir Nabokov com o intuito de mostrar a existência de paradoxo envolvendo os personagens principais Humbert Humbert e Dolores Haze (Lolita). Através do jogo paradoxal, o autor possibilita ao leitor a interpretar o texto de várias formas, assim também, como a amar ou odiar os personagens. Dessa forma, caberá ao leitor tirar suas próprias conclusões com relação ao caráter dos personagens.
INTRODUÇÃO “Mas, seria Humbert um pedófilo ou um simplesmente um homem apaixonando por uma ninfeta?” ou ainda, “Lolita é uma vítima ou uma ninfeta manupuladora?” Estas são perguntas que fazem o leitor refletir ao deparar-se com uma obra tão complexa e controversa como Lolita de Vladimir Nabokov. Devido ao seu caráter um tanto quando perverso, sensual e romântico, muitas são as dúvidas que surgem com a leitura dessa história, que é ao mesmo tempo apaixonante e repugnante.
Embora seja a obra de Nabokov consagrada pela sua polêmica retratação da pedofilia, o romance ultrapassa as barreiras da perversão sexual atingindo o nível do amor romântico, mesmo sendo caracterizado pela obsessão e pela manipulação. Os personagens são construídos por paradoxos que levam o leitor a interpretar o romance por vários caminhos entre eles o do amor romântico, assim como também da perversão sexual – pedofilia, e da ingenuidade duvidosa de uma menina de 12 anos de idade que manipula seu amante para ter seus caprichos satisfeitos.
Após uma breve análise desses paradoxos, será perceptível para o leitor os dois lados do romance e, posteriormente, deverá o mesmo tirar suas próprias conclusões com relação ao caráter dos personagens.
1. AMOR EM FORMA DE PERVESÃO SEXUAL
O estudo da perversão remete-se a vários pontos de partida, desde aspectos morais, culturais, sociais e patológicos. Para Fleing (2008) apud Martins (2008) em “Lolita